Do Bett Blog O Brasil ainda precisa desatar diversos nós no ensino médio, como construir um modelo em que as disciplinas sejam trabalhadas de forma integrada e oferecer uma opção profissionalizante que esteja de acordo com a realidade dos alunos e do mercado. Francisco Aparecido […]
Do Bett Blog
O Brasil ainda precisa desatar diversos nós no ensino médio, como construir um modelo em que as disciplinas sejam trabalhadas de forma integrada e oferecer uma opção profissionalizante que esteja de acordo com a realidade dos alunos e do mercado.
Francisco Aparecido Cordão, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), encara o desafio de tratar de dois dos temas mais espinhosos da educação brasileira durante a Bett Brasil Educar 2016.
As numerosas disciplinas do currículo obrigatório numerosas, a necessidade de os professores lecionarem em várias escolas, e muitos outros fatores como estes dificultam que os saberes conversem entre si. A falta de contextualização e de sentido na vida do estudante podem ser medidos por números gravíssimos: só 9% dos que concluem o ensino médio alcançam o conhecimento adequado em matemática; mais de 10% abandonam a escola na rede pública no primeiro ano da etapa.
Melhorar esse quadro é urgente, porque já estamos atrasados, alerta Cordão. “O assunto da interdisciplinariedade está na mesa desde 1996, na Lei de Diretrizes e Bases. Como etapa de conclusão do ensino básico, nela o aluno não deveria simplesmente receber informação, mas perceber o diálogo que existe entre os saberes e desenvolver competências para ser capaz de relacioná-los”, afirmou.
Avanços
Embora grandes mudanças sejam necessárias, Cordão reconhece que já houve avanços. Ele cita que Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um grande influenciador dos conteúdos para as escolas, ajudou a trazer a discussão para a pauta dos colégios por trabalhar com 4 campos de conhecimento em vez de usar as 13 disciplinas obrigatórias. “Já há muitas redes e escolas que fazem hoje um trabalho integrado; eu diria que mais da metade. Mas nosso objetivo é ter 100%”, disse.
Apesar de citar o Enem, o professor Cordão faz questão de ressaltar que não pretende que o ensino médio seja um mero preparador para exames: “O grande objetivo é que o aluno aprenda a aprender e continue aprendendo sempre”.
O assunto é tão importante que a Unesco, o braço para educação da ONU, resolveu trabalhar em cima da gestão para o ensino médio e construiu alguns protótipos curriculares. “Na mesa de debate em que serei mediador na Bett Brasil Educar, vamos ter de um lado representantes da Unesco e, do outro, quem trabalhou na execução desses modelos”, conta Cordão.
Desafio ao quadrado
A segunda participação do professor Cordão na Bett Brasil Educar abordará os desafios da formação de professores para educação profissional e técnica. “Este tema é ainda mais complexo. Se para o ensino médio já é difícil formar, nesse caso, além de pensar na integração de saberes, o professor tem de dominar a prática profissional, ser um especialista que domine as bases científicas e técnicas”, diz.
Segundo ele, não basta o docente ter conhecimento de uma tecnologia, ele precisa saber que a sua técnica é apenas uma diversas que existem e podem vir a existir. “É um profissional que tem de sempre pesquisar, preservar as condições de aprendizagem contínua”.
Para participar destes debates essenciais à sociedade brasileira e refletir sobre as práticas na sua escola, compareça a um dos painéis que terão a presença do professor Francisco Aparecido Cordão.