NOTÍCIA
Jornalista viaja em busca da história da menina que só queria ir para a escola
Misturando fotos, texturas e recortes, as ilustrações contam um pouco do cotidiano do Paquistão de Malala |
Era de 9 outubro de 2012, Malala Yousafzai voltava de ônibus da escola. Ela conversava com suas amigas e não percebeu quando o veículo parou bruscamente, enquanto dois homens do Talibã em uma motocicleta procuravam por ela. Quando a reconheceram, três tiros foram disparados em sua direção. Um dos tiros acertou seu rosto. Esse disparo a tornou conhecida no mundo inteiro e amplificou seu ativismo pelo direito à educação. Em 2014, Malala se tornou a mais jovem pessoa a ser laureada com um Prêmio Nobel da Paz.
Logo após o atentado, a jornalista brasileira Adriana Carranca viajou até o Paquistão. O resultado de sua busca por essa história é o recém-lançado Malala, a menina que queria ir para a escola, uma narrativa próxima à linguagem jornalística, em que Adriana mistura sua própria viagem à história de Malala e à do Paquistão. As ilustrações de Bruna Assis Brasil ajudam o jovem leitor a fazer esse percurso
Para chegar ao vale do Swat e à cidade onde Malala vivia, Adriana passa por montanhas cobertas de neve, fronteiras vigiadas e soldados desconfiados. Encontra a escola de Malala vigiada por dois policiais e a carteira onde ela sentava ainda vazia. Moniba, sua melhor amiga, escrevera o nome de Malala na madeira, decretando que aquele lugar seria novamente ocupado.
Malala, a menina que queria ir para a escola, de Adriana Carranca (Companhia das Letrinhas, 96 págs., R$ 29) |
Com um pedaço de papel em mãos dado pelas colegas de classe, Adriana vai atrás das duas meninas também atingidas pelos tiros disparados pelo soldado talibã. Na porta de suas casas, mais policiais montam guarda. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, Shazia e Kainat revelam que continuam com o mesmo sonho: voltar a estudar.
No livro, a repórter narra sua estadia no Paquistão enquanto Malala ainda se recuperava no hospital e também um pouco da história recente do país, e dos conflitos políticos e religiosos que levaram ao atentado. Após a invasão americana no vizinho Afeganistão, os talibãs atravessaram a fronteira e impuseram suas regras aos moradores do vale do Swat. Dentre elas, a proibição de meninas frequentarem a escola.
Em abril deste ano, a Justiça do Paquistão condenou dez pessoas pelo envolvimento e planejamento da tentativa de homicídio a Malala. Porém, os reais agressores ainda não foram sentenciados. Mesmo com um fim incerto, quem acompanha a história de Malala sabe que não será isso que irá parar sua luta pela educação para todos. Desta vez, com o livro de Adriana Carranca, é a chance das crianças de conhecer a vida da “menina que queria ir para a escola”.
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