Há muito mais na nossa relação com a água do que o tempo que passamos no banho; educadores apontam que temas ambientais não devem ser tratados isoladamente
Abrir uma discussão sobre água com a informação de que ela compõe pelo menos metade do nosso organismo pode soar clichê, mas ajuda a ilustrar como maltratar nossas fontes e reservas é prejudicar a nós mesmos: afinal, somos parte do ciclo. O Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março desde 1993, foi criado pela ONU como uma forma de estimular a discussão sobre nossa relação com os recursos hídricos.
A crise de abastecimento que hoje afeta grande parte do Brasil tem nos levado a repensar hábitos e adotar ações mais sustentáveis: reduzir o tempo de banho, reutilizar a água em que lavamos a roupa, deixar de limpar calçadas com mangueira. Mas não basta pensarmos em maneiras de poupar água no curto prazo, preocupados se teremos reservas para enfrentar a próxima estação seca. Se quisermos evitar que a situação se agrave, é preciso discutir o problema da água em todas as suas dimensões – sua relação direta com nossa saúde e com a forma como tratamos o meio ambiente como um todo.
O problema da escassez e propostas para uma educação ambiental foram tema de artigos e matérias da revista Educação. O professor e pesquisador Gabriel Perissé aponta, em artigo na edição 213, que “uma educação pela água é feita de lições”. A primeira delas: não basta pensar no próprio banho, pois “quem não economiza a sua água está roubando a água de todos”. Outra lição é que a falta d’água “é sempre falta de outras coisas”, como políticas públicas e lideranças confiáveis.
A matéria Conteúdo líquido apresenta quatro itens obrigatórios para que uma proposta de educação ambiental funcione, segundo pesquisa do educador Elias Marques: o comprometimento dos educadores, a abordagem da relação estreita entre meio ambiente e saúde, a aplicação imediata dos conceitos e a regionalização da discussão. O tamanho e a diversidade do Brasil têm exigido ações pontuais para minimizar os estragos causados ao longo de décadas. Educadores destacam que não é possível tratar isoladamente as questões ligadas ao tema ambiental – é preciso considerar os contextos sociais, econômicos e culturais.
A questão também demanda respostas práticas e imediatas das escolas. A estiagem tem desafiado gestores a encontrar soluções para lidar com a escassez de água no ambiente escolar. Na Escola Estadual Professora Benedita Garcia da Cruz, em Itaquaquecetuba (SP), o ciclo de economia começou em dezembro de 2013. O assunto ganhou espaço na sala de aula em praticamente todas as áreas. Professores de geografia e matemática utilizavam a conta de água da escola como material de aula.
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