Um documento com a matriz de referência de ciências para as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) está disponível para download no site do Inep. Datado de agosto de 2013, o arquivo foi acrescentado à página em setembro, faltando pouco menos de dois meses para a Prova Brasil, ou Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), que será aplicada entre os dias 11 e 21 de novembro. Ela compõe o Saeb ao lado da Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e da recém-criada Avaliação Nacional de Alfabetização (Ana) – teste anual para os alunos do 3º ano do ensino fundamental.

Tanto a Prova Brasil (Anresc) quanto a Aneb são realizadas a cada dois anos. Enquanto a Prova Brasil é aplicada de forma censitária aos alunos de 5º e 9º anos das escolas públicas com o mínimo de 20 alunos matriculados na série avaliada, a Aneb é amostral para 5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio das redes privada e pública. Ao conhecer a matriz de ciências, é possível saber o que orienta a elaboração dos itens que compõem o banco de itens da avaliação.

O texto fala da existência de consultas públicas às equipes de ensino das unidades federativas para realizar mudanças nas avaliações com o passar dos anos, afirmando que a atual proposta de incluir ciências “assume a natureza de matriz-piloto a ser refletida, desenvolvida, testada em 2013 e aperfeiçoada com vistas a sua consolidação em 2015”. Também faz a ressalva de que a matriz é um recorte do currículo, que não pode ser confundido com referências para estratégias de ensino.

» O que muda? Até 2011, eram aplicados testes de português e matemática para todos os casos. Em 2013, somente os estudantes do 9º ano do ensino fundamental e os do 3º ano do ensino médio avaliados por essas provas também responderão questões de ciências. Segundo o documento publicado pelo Inep, a matriz publicada é referência apenas para a “aplicação piloto no final do ciclo”. Já as matrizes para o 5º ano do EF e para o 3º ano do EM, “serão desenvolvidas em seguida, após a análise de resultados da aplicação piloto, de forma a servir de parâmetro para a construção e a revisão das demais matrizes do Saeb”. O relatório esclarece ainda que a matriz da prova experimental de ciências para o ensino médio em 2013 no âmbito da Aneb é a mesma matriz do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

» O que será avaliado sobre a aprendizagem em ciências? 
De acordo com o documento, a proposta d  e conceito a ser medido (construto) é expressa pelos termos “alfabetização / letramento”, embora o próprio texto admita que esses termos “vêm sendo utilizados no Brasil de forma ampla e com sentidos variados, tanto no âmbito acadêmico quanto nos documentos oficiais emitidos pelos diferentes sistemas, nos livros didáticos e nas práticas pedagógicas”. Segundo especialistas, quanto mais genérica a definição de um construto, mais difícil se torna mensurá-lo. Essa questão é explicada no glossário do blog Educação & Pesquisa.

A ideia, diz o texto, é submeter os conceitos “alfabetização / letramento” à discussão com docentes, formadores de professores e gestores, “considerando-se a necessidade de diálogo do Saeb com esses agentes, ao mesmo tempo que os compreende como produtores do conhecimento sobre a educação e a ciência da educação, justificando a necessidade de ouvi-los no processo de construção de matrizes de avaliação”.

» Dimensões. As diferentes situações/contextos que envolvem ciência, tecnologia e vida em sociedade; as possíveis ações/operações que devem ser efetivadas pelos aprendizes nessas situações (cognitiva); e os diferentes conhecimentos mobilizados para tal (eixo estruturante do conhecimento). São estas as três dimensões que estruturam a matriz para orientar a avaliação.

» Eixos estruturantes. Essa dimensão diz respeito aos conhecimentos escolares solicitados ou mobilizados em um item para que o aluno realize as operações cognitivas ao tentar resolvê-lo. Veja os tópicos no quadro acima e conheça os detalhes no documento oficial, de 40 páginas, disponível no link: http://provabrasil.inep.gov.br/matrizes-de-referencia-professor.

Autor

Camila Ploennes