Como relacionar as atuais discussões sobre liberdade na internet às disciplinas em sala de aula
A internet inspira nas pessoas a ideia de liberdade devido às inúmeras possibilidades de acesso à informação, de uso dos conteúdos, de envio de informações e de comunicação com o outro. Entretanto, uma prática comum na rede, o download de vídeos, músicas, jogos, livros, entre outros, vem há algum tempo incomodando as empresas detentoras dos direitos autorais desses conteúdos, como a indústria cinematográfica, gravadoras musicais e editoras.
O Grandes Temas de agosto “Culpados ou inocentes?” traz informações sobre os projetos de lei que tramitam nas casas legislativas de mais de 30 países e que pretendem regular alguns aspectos da internet, além de proibir o download de conteúdos protegidos por direitos autorais. Outro tema abordado é o caso do fundador do site Wikileaks, o australiano Julian Assange, que divulgou na internet documentos sigilosos do poder político mundial.
Na sala de aula, a forma como a internet está revolucionando o processo de divulgação de informações pode ser tomada como ponto de partida para um debate: essa revolução é positiva? Em caso afirmativo, até que ponto cabe manter normas de proteção aos direitos autorais e informações sigilosas?
Além do puro e simples debate envolvendo essas questões, a liberdade na internet também pode se relacionar com conteúdos das disciplinas em sala de aula. Os professores do Anglo Vestibulares, Gianpaolo Dorigo, de história, e Pablo López Silva, de geografia, explicam como.
HISTÓRIA
“Temas atuais podem ser utilizados para aproximar alunos de conteúdos didáticos na medida em que façam parte de seu cotidiano, como é o caso da internet e de questões ligadas aos meios de comunicação de massa. O tema pode ser visto como uma abertura para a questão mais ampla da liberdade de expressão e da forma como o princípio foi elaborado a partir da tradição iluminista desde o século XVIII. Além disso, é possível uma referência aos regimes “fechados” que, no século XX, controlavam a divulgação de informações, bem como a finalidade desse controle. No horizonte, uma reflexão sobre o totalitarismo. Acredito que um debate mais consistente pode ser promovido nas séries do ensino médio.”
Gianpaolo Dorigo, professor de história do Anglo Vestibulares
GEOGRAFIA
“Uma maneira tradicional de abordar o tema é a partir das revoluções industriais, principalmente a Terceira Revolução Industrial, conhecida também como revolução tecnocientífica, pois marcou, entre outros aspectos, a expansão da informática. A revolução da informática é precursora do processo de globalização. A internet é tratada como o avanço das telecomunicações e a responsável pelo encurtamento das distâncias, o que está diretamente relacionado ao processo de globalização. Alunos do 8° e 9° ano do ensino fundamental já podem ter acesso aos conteúdos relativos à revolução tecnológica e à globalização.
Já uma abordagem mais atual é a Primavera Árabe. Essas manifestações que aconteceram nos países islâmicos do norte da África foram organizadas pela internet, mostrando como a informação circula com mais facilidade no mundo atual. Até mesmo em países com governos mais controladores, a internet consegue abrir uma brecha. Essa já é uma discussão mais madura que cabe melhor para o 1° e 2° ano do ensino médio.”
Pablo López Silva, professor de geografia do Anglo Vestibulares