Publicado em 20/03/2019
Por: Gilberto Schulz*
Foi através dos ensinamentos do mestre indiano Satyananda Saraswati da Bihar School of Yoga que se introduziu e implementou de forma sistematizada yoga e meditação em escolas norte-americanas há quase 20 anos.
Por conta disso, hoje os Estados Unidos é provavelmente o país fora da Índia que mais se vale desses conhecimentos milenares em escolas e universidades. Tanto lá como na França e na Inglaterra já se trata de algo bastante difundido e bem sucedido.
No Brasil, assim como em Portugal e em diversos outros países, essa relação entre yoga e o sistema educacional está florescendo a cada dia. Por aqui, um número já considerável de escolas brasileiras, particulares e públicas, tem procurado introduzir tais atividades em sua grade escolar.
Além dos benefícios mais evidentes como o desenvolvimento psicomotor, redução da ansiedade, aumento da concentração e da organização mental, as crianças aprendem a se relacionar com as próprias limitações e emoções refletindo num convívio mais harmônico com os colegas, professores, com os familiares e também com o meio ambiente.
Ou seja, por mais que funcione como um meio para melhorar o desempenho escolar na medida que favorece os processos cognitivos, a proposta vai bem além das notas e do acúmulo de conhecimentos — se revela um aprendizado para a vida, além dos muros e do período escolar.
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Em linhas gerais no âmbito escolar, observa-se a eficiência da prática de yoga e meditação em:
Essa série de resultados beneficia também os professores minimizando uma série de problemas rotineiros na sala de aula de modo que a qualidade das aulas tendem a ter um salto de qualidade que pode ir além se os professores também receberem instruções de como usar técnicas básicas de yoga antes ou entre as aulas.
A implementação da atividade no âmbito escolar é estruturalmente muito simples, mas é fundamental contar com um professor de yoga qualificado para exercer essa nobre tarefa visto que é necessário um direcionamento das técnicas de acordo com as turmas e com cada faixa etária.
As aulas quando atendem essa adequação, além de proporcionar os estímulos certos, são melhores recebidas e desfrutadas pelas crianças que se envolvem de forma animada e descontraída com as atividades propostas. O caráter lúdico também deve ser adaptado, visto que o que é brincadeira para uma faixa etária é bobeira para a seguinte.
Pensando nas características do nosso tempo e o seu possível desdobrar onde as crianças nascem cada vez mais imersas em um mundo tecnológico que bombardeia estímulos por todos os lados deixando suas mentes agitadas, ansiosas e dispersas, concluímos que o yoga pode ser a salvação de um destino condenado a medicamentos.
Curiosamente, apesar das novas gerações nascerem nesse mundo completamente diferente daquele que gestou o yoga há milênios, podemos perceber que elas, ao questionarem o modo de vida ocidental pós industrialização, parecem encontrar nessa sabedoria antiga um vislumbre de caminho mais autêntico voltado à ideais de felicidade e realização mais simples e consistentes.
Por mais paradoxal que possa parecer, a disciplina, quando amparada por um sentido claro, se torna algo leve, desejável e libertador e é assim que o yoga se apresenta, nos conquista e nos faz cultivar ações de autocuidado na direção do autoconhecimento.
Harih om!
*Gilberto Schulz tem formação técnica em yoga pela ABPY, formação em yoga para crianças e adolescentes e participação em cursos no Brasil e na Índia com professores de referência da tradição do yoga. Atua há mais de 10 anos ensinando yoga e meditação
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