NOTÍCIA
Competências socioemocionais impulsionam as habilidades cognitivas e melhoram realidades sociais distintas
O aprendizado de conteúdos cognitivos durante toda a vida estudantil tem impacto direto nos níveis de renda e nas probabilidades de emprego. Entretanto, as chamadas competências socioemocionais (curiosidade, respeito, autoconfiança etc.) impulsionam as habilidades cognitivas e melhoram realidades sociais distintas, ao influenciarem o comportamento e o estilo de vida das pessoas. As conclusões fazem parte do relatório Competências para o progresso social: o poder das competências socioemocionais, lançado oficialmente pela OCDE em novembro de 2015, durante o 1º Seminário EduLab21 – Desenvolvimento Integral com Base em Evidência, realizado em São Paulo. O evento foi idealizado pelo Instituto Ayrton Senna (IAS), Insper e Universidade de Ghent (Bélgica), que também são parceiros no projeto EduLab 21, núcleo de pesquisas criado em 2014 com o objetivo de construir uma avaliação brasileira capaz de medir as habilidades socioemocionais dos estudantes. Integram o projeto professores universitários do Brasil e dos Estados Unidos e representantes das secretarias estaduais de educação de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.
Para a criação da avaliação, que deve ficar pronta no 1º semestre de 2016 e ser oferecida gratuitamente para as redes de ensino, 120 mil alunos da rede pública dos estados participantes responderam a questionários e sete estudos de campo foram realizados. Até o momento, os pesquisadores chegaram a 16 principais capacidades socioemocionais que podem ser medidas e estimuladas, entre elas engajamento social, assertividade, entusiasmo, tolerância à frustração e criatividade. “Mas não é preciso usarmos todas essas qualidades. Pensamos nelas como blocos de construção. A depender da escola, o interesse artístico, por exemplo, pode não ser o mais importante para se desenvolver dentro do contexto de formação. É preciso que as escolas identifiquem e escolham [em quais habilidades investir]”, diz Oliver John, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley – e membro do EduLab 21. Ricardo Primi, professor da Universidade São Francisco, em Itatiba (SP), e também integrante do projeto, ressalta que o futuro teste não pretende estabelecer um nível ao qual os estudantes terão de chegar com relação às habilidades socioemocionais. “Esperamos que os professores possam usar e reorganizar os dados para lidar com a evasão e com o bullying, por exemplo. O importante é entender até que ponto as crianças estão, ou não, desenvolvendo essas habilidades e identificar quando esse desenvolvimento passa a ser responsabilidade da formação escolar”, diz.