NOTÍCIA

Edição 234

Alunos tendem a ter olhar positivo sobre os educadores

Pesquisa exclusiva Brainly/Educação mostra o que o estudante acha do professor

Publicado em 16/11/2016

por Redação revista Educação

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Os alunos podem estar descontentes com vários aspectos da escola e da educação, como mostram diversos levantamentos recentes e o mar de manifestações e ocupações registradas em estados Brasil afora. Porém, sua visão dos professores, ainda que com alguns aspectos mais críticos, pende mais para o lado positivo, segundo pesquisa inédita e exclusiva feita por meio da plataforma digital Brainly, em parceria com a revista Educação.
O resultado mais surpreendente foi a boa avaliação dos docentes por parte de alunos do fundamental 2 e do ensino médio quanto ao conhecimento que têm da disciplina que ministram. Entre os alunos do fundamental 2, a aprovação foi de mais de 88% (52,8% qualificaram os conhecimentos como excelentes, enquanto 35,5% avaliaram como bons, dizendo que, quando os professores têm dúvida sobre alguma questão, pesquisam para falar aos alunos depois).
Respondendo à mesma pergunta, os alunos do ensino médio produziram percentuais próximos: 42,6% (excelentes) e 41,3% (bons e pesquisam sobre o que não sabem). No total, a plataforma obteve respostas de 1.712 estudantes do fundamental 2 e de 1.489 do ensino médio, em diversos estados brasileiros. São estudantes de escolas públicas e privadas (48% e 52%, respectivamente, no fundamental 2; 76,3% e 23,6% no médio). Importante observar que a amostra não representa de forma proporcional o alunado da educação básica no Brasil.
Pelo perfil mostrado na pesquisa, os professores são majoritariamente preocupados com a questão da inclusão (58% no fundamental e 45% no médio), porém se ressentem da falta de apoio institucional (14,8% e 23%, respectivamente); estão cada vez mais antenados (mais no fundamental 2) com relação à necessidade de buscar estratégias alternativas para ministrar os conteúdos, adaptando meio ao objeto (52,7% a 39,5%).

Barreiras

Mas os docentes ainda revelam uma grande defasagem em dois quesitos importantes para o diálogo com os alunos: linguagem e uso de recursos tecnológicos. Na linguagem, quem se sente mais distante dos professores são os alunos mais jovens: no fundamental 2, quase 44% dos estudantes acham que seus professores são muito formais, o que os mantêm mais afastados.
Outros 9,1% dizem que os mestres são rudes e não dão abertura ao diá­logo. Nesse quesito, os professores do médio estão se saindo um pouco melhor. Se, por um lado, 34,1% são avaliados como excessivamente formais e 10,3% são vistos como muito rudes, a maioria relativa, 45,6%, está na categoria dos “descontraídos e gentis”, procurando sempre entender os alunos. Outros 9,8% são vistos como jovens e modernos, tendo linguagem praticamente similar à dos alunos, índice parecido com o indicado na faixa etária dos mais novos (9,5%).
No uso de tecnologia, constituem maioria tanto no fundamental 2 como no médio os que pouco sabem usar (e precisam de auxílio dos alunos), aliados aos que sabem mas são refratários à utilização. No fundamental 2, a soma dessas duas categorias, alcança 64,5% das avaliações, com apenas 27,2% dos docentes sendo vistos como adeptos e defensores de novas tecnologias, que tornariam as aulas mais dinâmicas e produtivas. Já no médio, a soma dos pouco habituados a aqueles que não gostam de usar vai a 57,5% do total, contra 36% de adeptos.
Outro ponto que a pesquisa deixa em aberto como possivelmente problemático é a questão da disciplina em sala de aula. Ao serem perguntados sobre como avaliam o desempenho docente em sala de aula, muitos estudantes classificaram as aulas como “um pouco tumultuadas”. No caso do fundamental 2, 42,1% dos alunos escolheram essa opção, somando-se a outros 11,1% que disseram que os professores não impõem respeito e a classe é uma bagunça, além de outros 4% que os acham muito autoritários. Em contrapartida, 42,7% dizem haver um clima de respeito edescontração.
No ensino médio, a percepção de tumulto é mais alta: 47,1% classificam as aulas como “um pouco tumultuadas”, 9,7% como “uma bagunça”, e outros 4,3% dizem que os professores são autoritários. A aprovação – “clima de respeito e descontração” – cai para 38,8% nessa etapa.

Interdisciplinaridade

Já a percepção em relação ao trabalho coletivo entre os professores chama a atenção pelos baixos índices apurados entre estudantes dos dois níveis de ensino. No médio, apenas 30,2% dizem que os docentes fazem atividades conjuntas com frequência, contra 49,2% que responderam “de vez em quando”, 6,6% que eles não fazem e 6,2% que não reparam se fazem ou não. No fundamental 2, a resposta “com frequência” atinge patamares ainda mais baixos (24%), contra 55,3% de “de vez em quando”, 5,3% que não fazem e 7,3% de “não reparei”.
Comparados a recente pesquisa feita em conjunto pelo Instituto Porvir e pela Rede Conhecimento Social, que ouviu 132 mil jovens de 13 a 21 anos, os números podem, à primeira vista, parecer discrepantes. Nesse levantamento, feito primordialmente com alunos do Sudeste (85,4%), 40% dos estudantes estavam satisfeitos com as aulas e materiais pedagógicos, 70% disseram que as relações entre estudantes e equipe de educadores precisam melhorar e metade condenou a infraestrutura disponível.

Regiões urbanas versus Brasil profundo

Para a psicopedagoga Quézia Bombonatto, que tem contato frequente com estudantes, um aspecto pode ter provocado as percepções distintas (além do fato de as perguntas serem diferentes). “Pode ser que, em razão de a amostra estar mais espalhada pelo Brasil e por seu interior, ela tenha identificado que, nesses lugares, o professor ainda seja mais respeitado e tenha a imagem mais preservada, com alunos não tão exigentes quanto os dos grandes centros”, avalia.
Outro aspecto que a educadora ressalta é que, para ela, a percepção de tumulto nas aulas não está tão alta quanto ela própria esperava. “Talvez os próprios estudantes não sintam que as aulas estão tumultuadas como nós adultos as vemos, pois podem partir de outro parâmetro, em que acham isso mais normal”, diz, acrescentando que, cada vez mais, um bom professor é aquele que estimula a participação dos alunos.


Confira os resultados completos abaixo

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O parceiro

A pesquisa foi feita pela Brainly (www.brainly.com.br), plataforma de aprendizagem colaborativa acessada por 7 milhões de alunos brasileiros por mês. No total, 3.201 responderam às questões propostas pela revista Educação (1.712 alunos do ensino fundamental 2 e 1.489 alunos do ensino médio). A Brainly é uma startup de tecnologia educativa fundada na Polônia, em 2009. Por meio de sua plataforma digital, criou uma comunidade presente em 35 países, acessada por mais de 60 milhões de usuários a cada mês.

Autor

Redação revista Educação


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