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Damaris Silva

Mestre em letras e consultora de gestão de projetos educacionais para redes públicas e privadas de ensino

Publicado em 01/11/2023

Educação, prática fundamentalmente humana

O apoio fornecido pela inteligência artificial deve ser reconhecido, mas sem esquecer da necessidade humanista do ensino e aprendizagem

“No coração do Ceará, uma professora visionária está desafiando os limites da educação. Ela desenvolveu um projeto inovador que combina educação antirracista e inteligência artificial para promover uma experiência de aprendizado inclusiva.

A professora Maria, como a chamaremos, notou que a cultura afro-brasileira e indígena frequentemente eram negligenciadas nos currículos escolares. Determinada a mudar isso, Maria usou a inteligência artificial para criar um banco de dados de recursos educacionais que representam essas culturas.


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A IA se tornou uma aliada valiosa, recomendando materiais personalizados e projetos de avaliação que valorizam a diversidade dos alunos. O resultado foi um ambiente de aprendizado mais igualitário e envolvente.

O projeto de Maria inspirou outras escolas do Ceará a adotar essa abordagem inclusiva e antirracista, demonstrando o poder da educação e da tecnologia para a transformação social.

Professores como Maria nos lembram que a educação pode ser uma poderosa ferramenta de mudança quando usada com sabedoria e compaixão. Eles são exemplos inspiradores de como a inovação educacional pode trazer um impacto positivo duradouro.” 

Todo o texto acima foi elaborado por uma inteligência artificial, com a intenção principal de nos fazer considerar o quanto a tecnologia pode ser uma aliada valiosa — uma vez que a proposta apresentada poderia culminar em um projeto real, seja no Ceará ou em qualquer outra cidade do Brasil — porém, nos faz pensar que deixar o avanço tecnológico se sobrepor a algumas questões fundamentais na educação pode ser um campo minado.  

A facilidade com que esse texto se completou e as informações inverídicas que ele nos trouxe podem, num olhar superficial, nos fazer acreditar que projetos como esse são facilmente executáveis, que não exigem uma articulação com a comunidade escolar para que, de fato, se realizem. 

O cenário que vivenciamos hoje traz riscos a uma geração que pode, aos poucos, esquecer que a educação é uma prática fundamentalmente humana e realizada coletivamente. Paulo Freire¹ coloca luz ao destacar que a educação é um fenômeno humano e que por ser verdadeiramente humanista é que nos traz a possibilidade de transformar realidades.  

Obviamente, não pretendemos dicotomizar tecnologia e educação, mas refletir (e agir) sobre o futuro que virá, com vistas à prevalência de toda a tarefa pedagógica culminar na produção de saberes emancipatórios ancorados na promoção da igualdade, sejam eles inteligentes (ou artificiais). 

 1 FREIRE, Paulo. ‘Papel da educação na humanização’. Revista Paz e Terra, São Paulo, n. 9, p. 123-132, out. 1969.



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