ARTIGO

Olhar pedagógico

59% dos disléxicos não receberam adaptação pedagógica na pandemia

Para 59% dos pais com filhos disléxicos e cuja renda familiar gira em torno de R$ 2 mil, não houve adaptação pedagógica durante a pandemia. 49% também consideram a escola ruim ou péssima nessa fase. Além disso, 78,8% das famílias não receberam orientações neste período […]

Publicado em 16/11/2021

por Redação revista Educação

redimensionada

Para 59% dos pais com filhos disléxicos e cuja renda familiar gira em torno de R$ 2 mil, não houve adaptação pedagógica durante a pandemia. 49% também consideram a escola ruim ou péssima nessa fase. Além disso, 78,8% das famílias não receberam orientações neste período para realizar as adaptações necessárias. Os dados compõem um estudo sobre o perfil da dislexia no Brasil, conduzido pelo Instituto ABCD, organização social com o propósito de promover e disseminar projetos que impactem positivamente a vida de pessoas com dislexia, em parceria com a Cisco e o Instituto IT Mídia.  

Leia: Diretora e diretor escolar falam de seus desafios e conquistas

Foto: Envato Elements

“A pandemia escancarou as desigualdades no acesso à inclusão escolar. Alunos com dislexia que já apresentam maior vulnerabilidade na aprendizagem ficaram sem adaptações necessárias por mais de um ano. Precisamos planejar com urgência o reforço escolar para essas crianças e adolescentes”, avalia Juliana Amorina.  

Desgastes emocionais e dificuldade no diagnóstico

Dessa forma chama a atenção que para 80% das famílias, a dislexia tem um impacto emocional negativo na vida de seus filhos e, durante a pandemia, as dificuldades de acesso aos serviços de saúde para diagnóstico e tratamento aumentaram:  85% relatam que não receberam orientações no período.

Inclusive, o documento apresenta informações sobre as dificuldades de acesso ao diagnóstico e o custo emocional e financeiro que a dislexia, transtorno que atinge cerca de 10 milhões de brasileiros, gera na vida do disléxico e de seus familiares.  

O relatório reuniu 304 participantes disléxicos de 20 estados brasileiros e apontou barreiras no diagnóstico como, por exemplo, a identificação tardia do problema, feita por volta dos 8,6 anos, entretanto o ideal seria entre os seis e sete anos. Os desgastes com o deslocamento e a procura pelos profissionais adequados para identificar o transtorno são outros pontos negativos apontados pelo documento.  

“Para realizar a avaliação, 34% das famílias precisaram se deslocar de sua cidade natal para outro ponto e ainda, 30% das crianças foram direcionadas a mais de cinco especialistas para chegar ao diagnóstico final, o que gera desgaste emocional e alto custo. Considerando a realidade da maioria dos municípios brasileiros, o diagnóstico deveria ser realizado com o apoio de até três profissionais”, conclui Juliana Amorina, diretora-presidente do Instituto ABCD.  

Sobretudo, há uma carência de materiais realmente acessíveis para que os familiares compreendam o que é a dislexia e como ajudar crianças disléxicas a aprender, além da ausência de profissionais preparados para lidar com a questão e falta de amparo aos pais no processo da busca pelo diagnóstico. “A pesquisa é fundamental para apoiar o Instituto na luta por políticas públicas e por um atendimento adequado para quem busca ou recebe o diagnóstico” defende Juliana.   

Impacto financeiro  

Infelizmente, o custo financeiro também pesa no orçamento. De acordo com a pesquisa, o custo médio da avaliação para a dislexia pode chegar a R$ 1.000,00. Entretanto, 47% das famílias revelaram que gastaram o dobro somente na fase de diagnóstico, cuja despesa atingiu R$ 2 mil.  

A saber, o acompanhamento segue o mesmo ritmo: 62% das famílias entrevistadas investem mais de R$ 800 por mês em atendimentos especializados e como o gasto é elevado, o acompanhamento está diretamente ligado à renda familiar dos disléxicos : das famílias que não conseguem arcar com essa despesa, cerca de 40% têm renda média de R$ 2 mil. 

Leia: Alfabetização, caminho para a construção de uma sociedade menos desigual

Tecnologia como aliada  

Em contra partida, aliada da criança com dislexia, a tecnologia foi recomendada a 43% das famílias após o diagnóstico como recurso para desenvolver a leitura. Entretanto, apenas 2,2% relataram que a orientação foi feita pela equipe pedagógica, demonstrando que os educadores precisam de apoio para incluir alunos com dislexia. 

Contudo, na luta para vencer essa batalha, Juliana anuncia inovações para o EduEdu, aplicativo gratuito de alfabetização e reforço escolar com soluções tecnológicas acessíveis, desenvolvido pelo Instituto ABCD. A versão atualizada contará com uma área de triagem capaz de identificar possíveis sinais de dislexia.  

A dislexia

Em conclusão, Transtorno específico da aprendizagem de origem neurobiológica, a dislexia é caracterizada pela dificuldade no reconhecimento preciso das palavras, pela baixa habilidade de decodificação e soletração. As dificuldades geralmente derivam de um déficit no componente fonológico da linguagem dos disléxicos, muitas vezes surpreendente quando comparado a outras habilidades cognitivas e ao acesso à aprendizagem. Igualmente consequências secundárias podem incluir dificuldades na compreensão de texto e pouca experiência de leitura, o que impede o desenvolvimento do vocabulário e do conhecimento geral.  

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Redação revista Educação


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