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Vivência em escolas privadas pode oferecer uma experiência mais variada aos professores em formação, algumas vezes tratados como trainees
Onaide Correa de Mendonça, da Unesp: estudantes devem passar por escolas públicas e privadas antes de se formarem |
Fazer estágio em escolas particulares e migrar para a rede pública depois de formado pode ser um choque para os alunos. Onaide Correa de Mendonça, especialista em Práticas de Alfabetização e professora da Faculdade de Educação da Unesp, recomenda que o estudante vivencie essas duas experiências durante a formação para detectar por qual caminho deseja seguir. Se deixar para fazer essa migração com o diploma em mãos, o choque pode atrapalhar a carreira. “Ao lidar com as diferenças entre os dois sistemas sem orientação prévia, muitos se assustam, pedem exoneração e decidem prestar concurso em outras áreas”, comenta.
Nas instituições privadas, a procura por estagiários de pedagogia ou licenciaturas é grande. O Colégio Palmares, na zona oeste de São Paulo, mantém parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) para a contratação de estudantes. De olho na importância da experiência prática, a coordenação da escola decidiu implantar um projeto de residência pedagógica, no qual os alunos acompanham de perto a rotina das séries iniciais – e todas as suas atividades. “Eles são como trainees dos professores regentes e os ajudam em todas as tarefas, como resolução de conflitos, reuniões, correções das lições e na rotina da sala de aula em si. É uma verdadeira imersão”, explica Denise Krein, diretora pedagógica. Tal experiência tem feito a diferença na rotina da estudante de pedagogia Mileide Nascimento, de 27 anos. “Meu aprendizado tem se consolidado tanto na ação quanto na observação da rotina pedagógica dentro e fora das salas de aula”, comenta. Há três meses na escola, ela garante que a experiência a fez enxergar o aluno como um ser em transformação, com suas particularidades, ritmos, personalidade e necessidades. Além disso, a bagagem que diz respeito à área administrativa sairá mais enriquecida.
Para Edina Maria Aparecida de Oliveira, gerente de gestão de pessoas do Colégio Consa, também em São Paulo, um programa de estágio efetivo deve começar com a apresentação do planejamento pedagógico da instituição. A partir disso, o aluno passa a entender o funcionamento da escola e os objetivos que precisam ser alcançados. “Dessa forma, ele tem a motivação necessária para auxiliar o professor nas mais diversas atividades”, comenta. No colégio, os estagiários são alocados nas salas de aula a partir da análise do perfil e dos objetivos de cada um. A meta, segundo Edina, é prepará-los para assumir as turmas quando concluírem a graduação. Há quase dois anos no quadro de colaboradores do colégio, a estagiária Maraise Emanuela do Nascimento, de 30 anos, vive essa expectativa e afirma estar pronta para atuar à frente dos alunos. “O olhar crítico que obtive com a experiência prática é insubstituível”, garante.