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Autor

Redação revista Educação

Publicado em 07/10/2013

Tempo de aprendizado

Na Dinamarca, na Noruega e na Suécia, a produção francesa Depois de maio (2012, 122 min) recebeu o título “Depois da revolução”. Nos EUA e na Itália, foi batizada como “Algo no ar”. Essas duas variações são próximas à essência do filme, ainda que tomem […]

Na Dinamarca, na Noruega e na Suécia, a produção francesa Depois de maio (2012, 122 min) recebeu o título “Depois da revolução”. Nos EUA e na Itália, foi batizada como “Algo no ar”. Essas duas variações são próximas à essência do filme, ainda que tomem as liberdades traidoras de toda tradução. De fato, um espírito revolucionário – o das revoltas estudantis de 1968 – insiste em contaminar (no melhor sentido do termo) a atmosfera que envolve os personagens da trama, ambientada em 1971, em uma pequena cidade da França.

Estudantes secundaristas que militam em organizações de esquerda, eles participam de protestos fortemente reprimidos pelas autoridades e mantêm a escola – a rigor, toda a cidade – em um estado de tensão permanente, como se a batalha decisiva de suas vidas fosse travada naquele momento. Batalha que, descobrem eles, tem duas frentes: a mais aparente, na arena pública, envolve o exercício da política; a outra, de foro íntimo, envolve um aprendizado talvez mais difícil e delicado, o dos sentimentos, que conduz à vida adulta.
#R#
O diretor e roteirista Olivier Assayas tinha 16 anos em 1971. Depois de maio trabalha elementos autobiográficos em uma cuidadosa reconstituição de época. Não se deixa levar, contudo, pela frieza da busca a detalhes que lhe atribuam “verdade” histórica. Ao contrário: sua afetuosa construção dos jovens personagens – e dos pequenos dramas que protagonizam – procura capturar subjetivamente os contornos afetivos de uma geração para a qual a revolução esteve muito perto e, ao mesmo tempo, tão distante.

leituras

Livros sobre cinema

A familiaridade com o cinema vem, evidentemente, da ampliação de repertório. Quanto mais filmes vemos, de diferentes períodos, procedências e estilos, mais conhecemos não só a sua história, mas também a riqueza da sua linguagem e as múltiplas possibilidades estéticas que oferece. Nesse processo, leituras sobre cinema são importantes para consolidar os conhecimentos que derivam dos filmes e para apresentar conceitos, sugerindo caminhos que levem a descobertas. Os livros selecionados nesta página – três deles lançados recentemente – cumprem esse papel e podem formar a base de uma biblioteca essencial de cinema.

Passeio pela história

Como o título sugere, História do cinema – Dos clássicos mudos ao cinema moderno (Martins Fontes, 510 págs., R$ 89) oferece um amplo panorama que tem início no final do século 19, quando foram desenvolvidos e apresentados diversos aparelhos fotográficos capazes de produzir a ilusão das imagens em movimento, até a “revolução digital” que impacta a produção audiovisual do século 21. “Há filmes populares descritos no livro, mas eu me concentrei principalmente no que considero serem os filmes inovadores de vários países, em cada período”, explica o autor, o crítico e documentarista irlandês Mark Cousins. Ver (ou mesmo rever, em outra perspectiva) as obras que ele menciona à medida que avança a leitura pode equivaler a um curso, feito de acordo com o ritmo e a disponibilidade de tempo do interessado.

Mergulho na linguagem

Em A linguagem do cinema (Bookman, 192 págs., R$ 94), pode-se encontrar um valioso combo: uma abordagem didática da estética cinematográfica, escrita de forma amistosa para leigos, acompanhada de um pacote muito útil a todos os que planejam desenvolver atividades sobre o audiovisual, com sugestões de temas para debate e de exercícios que podem ser feitos em grupo ou individualmente. Escrito por Robert Edgar-Hunt, John Marland e Steven Rawle, que trabalham na York St. John University (Inglaterra), o livro divide-se em seis blocos temáticos que se relacionam entre si, dedicados a tópicos como semiótica, intertextualidade e ideologia. Cada um dos blocos traz um estudo de caso, que pode explorar um clássico como Cidadão Kane (1941) ou obras contemporâneas – algumas das quais, infelizmente, inéditas no Brasil.

Em busca da “mise-en-scène”

Utilizada em todo o mundo no original em francês, a expressão mise-en- scène (relativa ao processo de encenação) configura um conceito-chave nos estudos de cinema, sobretudo quando associado à ideia de “autoria”, proposta pela primeira vez, de forma sistemática, por críticos – alguns dos quais se tornariam mais tarde cineastas, como François Truffaut e Jean-Luc Godard – da revista francesa Cahiers du cinéma na década de 1950. O crítico e pesquisador brasileiro Luiz Carlos Oliveira Jr. ilumina o tema em A mise-en-scène no cinema – Do clássico ao cinema de fluxo (Papirus, 216 págs., R$ 69). Primeiro, examina as origens e o alcance do termo, que aproxima o cinema do teatro. Em seguida, analisa as mudanças de paradigma que desafiam o conceito, a partir dos anos 1960.

Ferramentas de análise

Como identificar os elementos estéticos que produzem sentido em um filme? Publicado no Brasil em 2009, Lendo as imagens do cinema (Senac-SP, 285 págs., R$ 81) se propõe a apresentar ferramentas de análise que podem atuar em três níveis – do plano, da sequência (conjunto de planos) e do filme (conjunto de sequências) – e que dizem respeito ao ponto de vista da narrativa e à montagem (responsável pela organização dos planos), entre outros aspectos. Professores da Universidade Paris III – Sorbonne Nouvelle, Laurent Jullier e Michel Marie exemplificam essa metodologia na análise de sequências-chave de 26 filmes, em amostragem diversificada que vai de Viagem à Lua (1902), A general (1926) e Outubro (1927), clássicos do período silencioso, até obras populares da “era pós-moderna”, como Titanic (1997), Cidade de Deus (2002) e Kill Bill vol. 2 (2004). 


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