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Autor

Sérgio Rizzo

Publicado em 04/03/2013

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Na versão sueca de Deixa ela entrar, a violência está presente, mas não é gratuita Abordagem original para o Bullying Inúmeros filmes já se empenharam em recriar as características psicológicas muito peculiares do universo infantojuvenil. Ao fazer isso, enfrentaram dificuldades naturais para construir personagens que […]

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Na versão sueca de Deixa ela entrar, a violência está presente, mas não é gratuita

Abordagem original para o Bullying
Inúmeros filmes já se empenharam em recriar as características psicológicas muito peculiares do universo infantojuvenil. Ao fazer isso, enfrentaram dificuldades naturais para construir personagens que pareçam verdadeiros ao espectador, bem como para encontrar atores jovens que fossem capazes de interpretar esses personagens de acordo com as complexidades do roteiro. Alguns desses filmes se ocuparam, como assunto principal ou secundário, da presença do bullying nas relações entre pré-adolescentes.

Nenhum deles, contudo, foi capaz de uma abordagem tão original de meninos, de meninas e dos tormentos do bullying escolar quanto a de Deixa ela entrar (Sué­cia, 2008, 109 min). Pena que muitos pais e educadores tenham deixado de conhecê-lo por preconceito cinematográfico, ao descobrir que é um filme de terror e julgar que se trata de um gênero “menor”. Embora seja um drama com muito sangue, esse elemento está plenamente justificado pela trama. Não há gratuidade ou espetacularização da violência. Mas atenção: não confunda com a versão norte-americana do mesmo romance, Deixe-me entrar (2010).
#R#
O diretor Tomas Alfredson e o roteirista John Ajvide Lindqvist (que adaptou o romance homônimo de sua autoria, já publicado no Brasil) investem no lirismo das situações – sempre debaixo de muito frio, com neve fotogênica – e no tratamento poético da solidão ao contar a história de amor e amizade entre um frágil menino de 12 anos, aterrorizado por colegas de escola, e uma nova vizinha da mesma idade, um tanto misteriosa. A relação entre os dois pode lembrar inicialmente a de outros filmes, mas se revela, com o andamento da trama, muito original. E verdadeira, mesmo com os ingredientes de fantasia.

Meu pé de laranja lima no cinema

A nova versão para o cinema do romance Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos, tem lançamento nacional programado para março. A história de Zezé, 6 anos, já havia sido adaptada em 1970. “Muitas pessoas me disseram que o livro era uma coisa velha”, lamenta a produtora Katia Machado. “É um clássico da literatura infantojuvenil, atemporal. Não ser aceito é um problema universal, assim como a necessidade de superação do personagem.”

Quando conheceu o livro?
Li pela primeira vez com 12, 13 anos, na década de 1970. Fui da primeira geração de leitores do livro. Lembro que ele me comoveu muito. Ficou um pouco no cantinho da minha cabeça. Saí do Brasil com 17 anos e voltei aos 39, quando comecei a pensar em trabalhar como produtora independente. Ao abrir minha empresa, esse foi o meu primeiro projeto. Meus sócios franceses haviam lido o livro na França, ele também foi um best-seller lá, e acharam que poderia dar origem a um filme lindo.

Teve dificuldades para viabilizar o filme?
Negociei os direitos de adaptação em 2002. Mas, como eu queria que o (diretor) Marcos Bernstein e a (roteirista) Melanie Dimantas escrevessem o roteiro, precisei esperar que eles terminassem de trabalhar no primeiro longa que produzi no Brasil, O outro lado da rua. Eles só começaram a escrever em 2003. O projeto de captação de recursos foi aprovado em janeiro de 2005. Tinha 50% do orçamento garantido por investidores franceses, que adoraram o roteiro. Imediatamente, consegui recursos também do BNDES e da Petrobras. Faltava muito pouco para fechar o orçamento, mas não consegui nenhum distribuidor. Todos eles diziam: “está velho”, “essa história já era”. Era um projeto caro, de quase R$ 9 milhões.

Qual foi a solução?
Três anos depois, os investidores franceses disseram que não tinham mais como segurar o dinheiro. Eles saí­ram do projeto e comecei da estaca zero. Precisamos reescrever oroteiro paraum orçamento bem menor (R$ 3,4 mi­lhões). Houve um período de luto, muito triste, porque o primeiro roteiro era espetacular, ambicioso. O filme ficou totalmente diferente do primeiro que faríamos. Mas é muito especial, tem certas preciosidades que são raras no nosso cinema. Ele cumpre o seu dever maior de tocar as pessoas. A maioria que viu ficou “tristemente feliz”, todas muito comovidas. Essa é a grande magia do cinema. A grande coisa de um filme é quando ele mexe com as pessoas de uma maneira profunda. Tenho muito orgulho desse trabalho.

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